Todos a Bordo

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Reportagem

MT: O que agro quer com aeroporto de R$ 100 mi (e como é chegar lá de jato)

A gigante agropecuária Bom Futuro inaugurou a ampliação de seu aeroporto privado, que custou R$ 100 milhões ao longo dos anos. Apenas o novo terminal custou R$ 20 milhões, e conta com facilidades que lembram aeródromos internacionais de altíssimo luxo. Ali voam 20 mil passageiros por ano, e são realizados de 40 a 50 voos por dia durante a semana, sendo que 10% da operação do aeroporto é do grupo Maggi Scheffer.

Localizado em Cuiabá e considerado o maior aeroporto executivo do Centro-Oeste do Brasil, ele se torna mais um espaço de luxo e negócios, em um segmento representado por poucos concorrentes no país, como o São Paulo Catarina Aeroporto Executivo, distante cerca de 1.300 km do seu correlato mato-grossense.

O que seus proprietários, a família Maggi Scheffer quer com esse mega espaço no coração do Mato Grosso? E como foi chegar lá de jatinho?

O que tem no aeroporto?

Aeroporto executivo Bom Futuro: Local teve investimentos de R$ 100 milhões pela empresa do agronegócio homônima
Aeroporto executivo Bom Futuro: Local teve investimentos de R$ 100 milhões pela empresa do agronegócio homônima Imagem: Divulgação//Bom Futuro

O aeroporto tem uma pista de 1.557 metros de comprimento e 30 de largura, permitindo que ali operem aviões de grande porte além de jatos executivos, os "jatinhos". Como comparação, o aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, tem 1.323 metros de extensão por 42 de largura, enquanto Congonhas, em São Paulo, tem 1.883 metros de extensão por 45 de largura.

O Bom Futuro ainda conta com luzes para operação noturna e acesso às duas cabeceiras por meio de pista de taxiamento paralela à de pouso. Nem mesmo aeroportos de diversas capitais possuem essa facilidade, obrigando os aviões a taxiarem e manobrarem ao final da pista.

Terminal executivo do aeroporto privado Bom Futuro teve investimento de R$ 20 milhões e leva o nome da matriarca da família dona da empresa, Luzia Maggi Scheffer
Terminal executivo do aeroporto privado Bom Futuro teve investimento de R$ 20 milhões e leva o nome da matriarca da família dona da empresa, Luzia Maggi Scheffer Imagem: Alexandre Saconi

O local ainda conta com empresas de abastecimento de combustível. São cinco hangares, onde, hoje, ficam 80 aeronaves, entre jatos e helicópteros.

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Terminal executivo do aeroporto privado Bom Futuro teve investimento de R$ 20 milhões e leva o nome da matriarca da família dona da empresa, Luzia Maggi Scheffer
Terminal executivo do aeroporto privado Bom Futuro teve investimento de R$ 20 milhões e leva o nome da matriarca da família dona da empresa, Luzia Maggi Scheffer Imagem: Alexandre Saconi

O novo terminal de luxo lembra um pouco os de grandes aeroportos internacionais, como Singapura e Dubai. Ele leva o nome de Luzia Maggi Scheffer, matriarca da família.

Com a devida proporção (até mesmo pelo contexto), ali é possível encontrar, entre outros:

  • Serviços de Concierge;
  • Sala de cinema;
  • Alojamento para os pilotos descansarem enquanto aguardam para voar;
  • Sala de reunião;
  • Sala de jogos;
  • Salas privativas;
  • Academia;
  • Duchas;
  • Vallet;
  • Cafeteria;
  • Estacionamento coberto;
  • Pontos para abastecimento de carros elétricos.

Histórico

Terminal executivo do aeroporto privado Bom Futuro teve investimento de R$ 20 milhões e leva o nome da matriarca da família dona da empresa, Luzia Maggi Scheffer
Terminal executivo do aeroporto privado Bom Futuro teve investimento de R$ 20 milhões e leva o nome da matriarca da família dona da empresa, Luzia Maggi Scheffer Imagem: Divulgação/Bom Futuro
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O local começou a ser estruturado em 2011, e, em 2014, a família entrou de vez para o ramo aeroportuário. De acordo com Kleverson Scheffer, diretor da Bom Futuro, a ideia de ter um aeroporto surgiu quando a empresa migrou de Rondonópolis, no interior do Mato Grosso, para a capital, Cuiabá.

Ele diz que seus pais e seus tios brincavam dizendo que não sabiam andar na cidade grande, não gostavam do trânsito, e que queriam ficar mais próximos das fazendas da família. Inicialmente, a pista original servia para auxiliar na operação da empresa e da família, e acabou se transformando no aeroporto.

Sala de cinema no terminal executivo do aeroporto privado Bom Futuro
Sala de cinema no terminal executivo do aeroporto privado Bom Futuro Imagem: Divulgação/Bom Futuro

"A gente começou mesmo com uma pista de chão batido só para facilitar a ida para a fazenda. Daqui, com uma horinha de voo, já estávamos na maioria das fazendas, então, facilitava a gente estar sempre presente nessas fazendas nas várias regiões do estado", diz o executivo.

Bom Futuro, aeroporto executivo privado da empresa homônima, que serve de portal para empresas do agronegócio em Cuiabá (MT)
Bom Futuro, aeroporto executivo privado da empresa homônima, que serve de portal para empresas do agronegócio em Cuiabá (MT) Imagem: Alexandre Saconi

Entretanto, logo que a operação começou, amigos e outros empresários também pediram para usar a pista, justamente devido à proximidade com a capital do estado. Diante dessa demanda, foram mudando a infraestrutura do local, pavimentando a pista, colocando iluminação para operação noturna, ampliando a capacidade de receber terceiros e abastecimento de combustível.

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"Hoje nós temos cinco hangares aqui hoje e cerca de 80 aeronaves hangaradas. O aeroporto tem uma operação de 40 a 50 voos por dia de semana, e mais de 20 mil passageiros passam aqui por ano. A gente tem aqui vários aviões hangarados aqui, temos empresários do agro, do Grupo Maggi e do Grupo Scheffer (que são até da família), e outros grupos no agro. Aqui no Mato Grosso, praticamente, 90% deles operam com a gente", afirma Scheffer.

Eraí Maggi Scheffer, um dos proprietários do grupo que leva seu sobrenome e investiu R$ 100 milhões no aeroporto Bom Futuro
Eraí Maggi Scheffer, um dos proprietários do grupo que leva seu sobrenome e investiu R$ 100 milhões no aeroporto Bom Futuro Imagem: Alexandre Saconi

Seu pai, Eraí Maggi Scheffer, um dos fundadores da Bom Futuro, destaca a importância do aeroporto para os negócios da família e do estado.

"Nós temos a região de Cuiabá como uma das maiores produtoras [do agro] e a que mais cresce. [...] É o lugar que tem de ter alternativa para as pessoas do mundo inteiro virem, como empresários, investidores e todas as pessoas do setor que possam desenvolver esse gigante a partir da produção, e onde também temos de partir para a industrialização" diz Eraí.

Terminal executivo do aeroporto privado Bom Futuro teve investimento de R$ 20 milhões e leva o nome da matriarca da família dona da empresa, Luzia Maggi Scheffer
Terminal executivo do aeroporto privado Bom Futuro teve investimento de R$ 20 milhões e leva o nome da matriarca da família dona da empresa, Luzia Maggi Scheffer Imagem: Divulgação/Bom Futuro

Para o empresário, o local é um ponto para viabilizar os encontros entre agentes econômicos, diminuindo o tempo gasto na viagem entre a cidade e outros polos do país, como o financeiro e o produtivo do agronegócio. "Quando você vai no aeroporto [Marechal Rondon, da capital], às vezes tem de ficar voando meia hora aguardando para poder descer e depois chegar no escritório de alguém. Se ele vier aqui [no Bom Futuro], ele vai encurtar isso para metade do tempo", defende Eraí.

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Aqui já tem toda a estrutura, salas de reunião, lugar para piloto descansar, academia, tem tudo para o piloto também ficar tranquilo, já que é o que vai comandar a gente no ar.
Eraí Maggi Scheffer

Detalhes do jato executivo Dassault Falcon 900, do grupo Amaggi
Detalhes do jato executivo Dassault Falcon 900, do grupo Amaggi Imagem: Alexandre Saconi

Questionado se valeu a pena gastar os R$ 100 milhões no aeroporto, o empresário é enfático. "Isso aqui mostra o tamanho que é o Mato Grosso e a força que é o agro e outras atividades que podemos desenvolver aqui também. Isso aqui é para todos nós. Valeu a pena [investir], mas eu já imaginava isso antes", conclui Eraí.

Voando pra lá

Jato executivo Dassault Falcon 2000LXS: Voamos na aeronave para conhecer o aeroporto Bom Futuro
Jato executivo Dassault Falcon 2000LXS: Voamos na aeronave para conhecer o aeroporto Bom Futuro Imagem: Alexandre Saconi
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Voei para o aeroporto Bom Futuro a convite da fabricante de aviões Dassault para visitar o aeroporto e conhecer melhor os serviços prestados e a aeronave Dassault Falcon 2000LXS. No aeroporto, também fica hangarado um Falcon pertencente ao grupo Amaggi, do ex-ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento, durante o governo de Michel Temer na presidência).

Vista pela janela do jato executivo Dassault Falcon 2000LXS em aproximação do aeroporto executivo Bom Futuro, em Cuiabá (MT)
Vista pela janela do jato executivo Dassault Falcon 2000LXS em aproximação do aeroporto executivo Bom Futuro, em Cuiabá (MT) Imagem: Alexandre Saconi

O modelo é capaz de voar de São Paulo a Miami (EUA) sem escalas, ou para a Europa com apenas uma parada. Os assentos podem ser convertidos em camas para os passageiros, que ainda contam com sistema de entretenimento a bordo, mesas de jantar e para trabalho, além da possibilidade de instalação de sistema de internet a bordo.

O interior é silencioso, e o bagageiro pode ser acessado em voo, algo importante em voos intercontinentais, onde os passageiros irão ficar várias horas dentro da aeronave.

A chegada ao aeroporto Bom Futuro foi feita em baixa altitude, permitindo observar o entorno de pastos e plantações e poucas casas espalhadas pelas áreas rurais no entorno da capital cuiabana.

Manche do jato executivo Dassault Falcon 2000LXS
Manche do jato executivo Dassault Falcon 2000LXS Imagem: Alexandre Saconi
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Ao pousarmos, diversas vacas recebiam a aeronave olhando do lado de for através da cerca. Funcionários do local avisam que esse é um hábito comum, que elas param de pastar e se aproximam da divisão ao ouvir os aviões chegando, voltando para a sua "rotina" em seguida.

Não há tempo de espera para o desembarque. Basta parar a aeronave que uma equipe do local atende aos passageiros, os encaminhando para o destino de cada um.

Detalhes do jato executivo Dassault Falcon 2000LXS
Detalhes do jato executivo Dassault Falcon 2000LXS Imagem: Alexandre Saconi

No nosso caso, esperamos no novo terminal luxuoso antes da cerimônia de inauguração do local, que contou com a presença de integrantes da família Maggi Scheffer, além de autoridades, como o ministro Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e o governador do estado, Mauro Mendes.

Ficha técnica

Modelo: Falcon 2000LXS
Fabricante: Dassault
Altura: 7,1 metros
Comprimento: 20,2 metros
Envergadura (distância de ponta a ponta da asa): 21,4 metros
Capacidade máxima: Oito a dez passageiros
Autonomia: 7.408 km de distância
Altitude máxima de voo: 14,3 km acima do nível do mar
Distância de decolagem: 1.425 metros
Distância de pouso: 689 metros
Altura da cabine: 1,88 metro
Largura da cabine: 2,34 metros
Comprimento: 8 metros
Peso máximo de decolagem: 19,4 toneladas
Capacidade dos tanques de combustível: 7,6 toneladas

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Cabine de comando do jato executivo Dassault Falcon 2000LXS
Cabine de comando do jato executivo Dassault Falcon 2000LXS Imagem: Alexandre Saconi
Aeroporto executivo Bom Futuro: Local teve investimentos de R$ 100 milhões pela empresa do agronegócio homônima
Aeroporto executivo Bom Futuro: Local teve investimentos de R$ 100 milhões pela empresa do agronegócio homônima Imagem: Divulgação/Bom Futuro
Terminal executivo do aeroporto privado Bom Futuro teve investimento de R$ 20 milhões e leva o nome da matriarca da família dona da empresa, Luzia Maggi Scheffer
Terminal executivo do aeroporto privado Bom Futuro teve investimento de R$ 20 milhões e leva o nome da matriarca da família dona da empresa, Luzia Maggi Scheffer Imagem: Divulgação/Bom Futuro

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Na legenda da foto que retrata o jato Falcon 900 constava que aquele seria o Falcon 2000LXS. A informação foi corrigida

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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