Amanda Klein: Congresso não quer ajuste fiscal; quer gastar
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O Congresso derrubou parte dos vetos do presidente Lula (PT) que estavam em análise, o que causará pressão ainda maior nas contas públicas, mas não quer fazer um verdadeiro ajuste fiscal, e sim gastar, analisou a apresentadora Amanda Klein no Mercado Aberto de hoje.
Ontem foi mais um dia de derrotas em série para o governo federal com vetos importantes derrubados no Congresso e que vão pressionar ainda mais as contas públicas. E só não foi pior porque houve um acordo para segurar a apreciação de uma série de outros que poderiam provocar um rombo maior nos cofres públicos.
Acordo esse, quando você aponta a fraca da negociação, é eufemismo para a derrota. Mesmo assim, caíram o veto ao projeto que garante pensão vitalícia a crianças com zika vírus, o que derrubava a isenção de fundos imobiliários e fiados da cobrança de impostos sobre o consumo na reforma tributária, uma série de vetos do setor energético ligados às eólicas offshore, que vão onerar a conta de luz para o consumidor, para você aí em casa.
Amanda Klein
Além da queda de alguns vetos do governo, o Congresso Nacional aprovou também um projeto de resolução para autorizar que as emendas parlamentares de comissão e de bancadas direcionadas ao custeio de saúde sejam utilizadas para o pagamento de funcionários da área nas prefeituras.
Amanda Klein destacou que o recado que o Congresso passou ao ministro Fernando Haddad não é apenas de insatisfação com o aumento do IOF, mas está inserido em um contexto muito maior.
No entorno do ministro Haddad, que apesar das férias está atento aos acontecimentos, a leitura é de que o recado do Congresso não se trata da insatisfação com o aumento do IOF. Está inserido num contexto maior. Pressão dos setores produtivos, demora no pagamento de emendas e, sobretudo, cenário eleitoral.
Quando perguntei para o Ministério da Fazenda, para os auxiliares, qual era a saída, a resposta foi simples, a de sempre, negociar. Ao que parece, o governo tem razão.
Em uma conversa ontem com o líder de centro-direita, indaguei se o governo deve liderar a discussão do corte de gastos e se isso poderia incluir, porventura, regras mais rígidas para a concessão do PBC, que é uma das despesas que mais crescem, ou então da contribuição para o Fundeb.
Na visão desse deputado, que é um líder importante, um partido importante, o governo tem sim que liderar esse debate, mas ponderou que, afinal de contas, já estamos em período eleitoral e a Câmara dificilmente vai querer carregar todo esse desgaste.
Amanda Klein
A apresentadora do UOL questionou como o Congresso faz cobranças de ajustes fiscais ao governo, se derrubam uma série de vetos que sobrecarregam os cofres públicos, e falou que tudo não passa de uma grande disputa eleitoral.
Perguntei então se haveria algo mais fácil para se aprovar em termos de cortes. Ao que o líder respondeu, é uma pergunta difícil. Difícil é entender como o Congresso pode cobrar que o governo faça o ajuste fiscal reduzindo despesas, se os parlamentares sequer piscam antes de derrubar uma série de vetos que oneram os cofres públicos e querem distância de medidas impopulares sobre o argumento de que o governo perdeu o timing.
Nesse caso, o Ministério da Fazenda tem razão. Não é só pelo IOF, é uma estratégia política para emparedar o governo, desidratar a base movediça no Congresso e colher impopularidade. É disputa eleitoral que se chama, com um ano e meio de antecedência. Parte significativa da base do governo só tem compromisso com o próximo candidato de direita. Resta decidir quem será ou quem serão, no plural.
Amanda Klein
O Mercado Aberto vai ao ar de segunda a sexta-feira no UOL às 8h, com apresentação de Amanda Klein, antecipando os principais movimentos do mercado financeiro.
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