Mercado prevê fim do ciclo de alta da taxa básica de juros nesta semana

Os diretores do BC (Banco Central) definem na próxima quarta-feira o novo patamar dos juros básicos da economia nacional. Para os analistas do mercado financeiro consultados semanalmente, a reunião determinará o fim do ciclo de altas que levou a taxa Selic ao maior patamar em quase 20 anos.

Como devem ficar os juros

Mercado financeiro projeta o fim do ciclo de alta dos juros. As perspectivas apontam, pela sexta semana consecutiva, encerrará 2025 em 14,75% ao ano. Pela quinta vez, a expectativa é de que não terá nenhuma modificação na taxa Selic nas reuniões de julho, setembro, novembro e dezembro.

Expectativa divide os analistas do mercado financeiro. Ainda que a mediana das projeções aponte para a manutenção da taxa Selic no patamar atual, parte dos analistas avalia que o ciclo de alta dos juros ainda não chegou ao fim. A percepção do grupo considera que a atividade econômica e o mercado de trabalho permanecem aquecidos e inibem o controle da inflação.

Diretores do BC deixaram o fim do ciclo de altas em aberto. Na ata da última reunião, o Copom defendeu o compromisso de devolver a inflação para o centro da meta e ressaltou que os próximos passos permanecem incertos, devido a um "cenário de elevada incerteza".

Com relação à próxima reunião, o Comitê avaliou que o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação.
Ata da 270ª reunião do Copom

Previsões para a taxa básica nos próximos anos seguem inalteradas. Apesar das divergências, a mediana entre os analistas consultados pelo BC mantém as projeções de recuo gradual dos juros básicos para 12,5% ao ano ao final de 2026. Para 2027 e 2028, o arrefecimento indica que as taxas serão de 10,5% ao ano e 10% ao ano, respectivamente.

Taxa Selic é o principal instrumento de política monetária para conter a inflação. Com o recente avanço dos preços, a elevação dos juros básicos é utilizada como alternativa para limitar o consumo e inibir, consequentemente, a alta do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Como deve ser a inflação

Projeções apontam para a inflação em 5,25% ao final deste ano. O percentual representa um recuo das expectativas pela terceira semana seguida e surge após o IPCA perder força ao subir 0,26% no mês de maio. A alta veio abaixo das expectativas do mercado financeiro.

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Estimativas mantêm o índice oficial de preços acima do teto da meta. O intervalo estabelecido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para a inflação é de 3%. O valor tem margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, entre 1,5% e 4,5%. A partir deste ano, o BC precisa justificar cada furo da meta no acumulado em 12 meses por seis meses consecutivos.

IPCA projetado para o mês de junho é de 0,27% Se confirmado, o percentual resultará em uma estabilidade em relação à variação de maio (+0,26%). Pesa contra a variação deste mês o aumento das contas de luz, que terão a bandeira vermelha patamar 1, que eleva as cobranças em R$ 4,46 a cada 100 kW/h (quilowatt-hora). Por outro lado, haverá um alívio no preço da gasolina após a Petrobras reduzir o preço do combustível nas refinarias.

Furo do limite da meta está previsto para este mês. Para o cenário ser revertido, é necessário que o IPCA de junho apresente uma deflação de ao menos 0,57%, o que devolveria o índice acumulado em 12 meses para 4,5%. A nova determinação, válida desde janeiro, estabelece que o BC dê explicações sempre que a inflação superar o teto por seis meses consecutivos.

Expectativas para os próximos anos permanecem estáveis. Os analistas observam que a inflação do próximo ano será de 4,5%. Já para 2027 e 2028, as projeções indicam para um arrefecimento do IPCA para 4% e 3,85%, respectivamente.

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