GWM, Meituan e outras: que empresas chinesas investirão R$ 27 bi no Brasil
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Uma montadora, uma rede de fast food e uma empresa de delivery estão entre as companhias chinesas que anunciaram investimentos de cerca de R$ 27 bilhões no Brasil. A Agência de Promoção de Exportações (Apex Brasil) detalhou que os aportes farão parte de uma série de iniciativas que incluem desde a expansão do setor automotivo até o lançamento de novos serviços de entrega e investimentos em energia renovável e tecnologia.
Montadora
Um dos principais aportes é o da montadora chinesa GWM (Great Wall Motors). A empresa se comprometeu a investir R$ 6 bilhões no Brasil, com o objetivo de criar um polo exportador que atenderá toda a América do Sul e o México, aproveitando o potencial do Brasil como centro logístico e industrial. Segundo a GVW, os aportes serão aplicados no Brasil entre 2027 e 2032.
O investimento da GWM inclui a ampliação de uma fábrica no interior de São Paulo, em Iracemápolis. A unidade pertencia à Mercedes-Benz, mas foi vendida à GWM em 2021, e atualmente está em construção. Essa será a primeira fábrica da empresa na América Latina e concentrará picapes e SUVs da GWM. Tem previsão de início da produção em julho deste ano.
Desde março a GWM é responsável por uma parceria entre Iracemápolis com a cidade chinesa de Baoding. A expectativa é que a colaboração não se limite apenas ao setor automotivo, mas se estenda a várias áreas, como ciência, educação e saúde, fortalecendo as relações entre Brasil e China.
Meituan: R$ 5,6 bilhões para o delivery de refeições
A gigante chinesa Meituan, líder mundial em serviços de entrega, anunciou a entrada no mercado brasileiro com seu aplicativo de delivery de refeições, o Keeta. A empresa investirá R$ 5,6 bilhões para estabelecer sua operação no Brasil nos próximos meses e disputar com o iFood, líder no mercado nacional de entregas.
A Meituan é conhecida por seus altos volumes de entrega, atendendo 98 milhões de pedidos diários na China. O impacto esperado é grande, segundo analistas ao UOL. A entrada da gigante chinesa deve movimentar tanto os serviços de delivery o mercado de trabalho quanto o mercado de trabalho. A expectativa é que ela crie mais de 100 mil empregos indiretos e entre 3 a 4 mil empregos diretos, especialmente com a instalação de uma central de atendimento no Nordeste.
Envision: R$ 5 bilhões em energia verde
A Envision, líder global em tecnologia verde e soluções de energia inteligente, anunciou um investimento de até R$ 5 bilhões no Brasil. O aporte será usado na criação do primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina. O projeto será focado na produção de energia limpa e sustentável, com destaque para o desenvolvimento de Combustível Sustentável de Aviação (SAF), hidrogênio verde e amônia verde.A chinesa Envision estudava investir no Brasil desde 2016. Na época a companhia já tinha projetos no México e no Chile, mas as negociações não avançaram. O investimento atual era previsto já há algumas semanas, de acordo com informes da Apex.
A Apex destaca a posição do Brasil como líder global em fontes renováveis. Tanto a agência como o governo federal buscam garantir uma plataforma de atração de investimentos para os setores do chamado complexo de Energias Renováveis, e a China é considerada um parceiro estratégico na agenda. O parque industrial também será um centro de inovação, colaborando com universidades e centros de pesquisa brasileiros para desenvolver novas tecnologias sustentáveis.
Mixue: R$ 3,2 bilhões em bebidas e sorvetes
A Mixue, maior rede de bebidas e sorvetes da China, também fez parte do pacote de investimentos. Serão R$ 3,2 bilhões destinados à chegada e expansão de suas lojas no Brasil. Fundada em 1997, a empresa é conhecida por seus sorvetes e bebidas "bubble tea", com preços acessíveis lá fora e uma estratégia de expansão agressiva.
A Mixue possui mais de 45 mil lojas no mundo e agora planeja abrir unidades no Brasil. A operação deve gerar cerca de 25 mil empregos até 2030. A companhia chinesa ganhou a imprensa internacional após reportagem do The Wall Street Journal apontar que a marca tornou-se a maior rede de alimentos e bebidas do mundo, superando gigantes como McDonald's e Starbucks, que contabilizavam cerca de 41 mil e 40 mil lojas, respectivamente, no final do ano passado. Será a primeira rede de fast food chinesa no Brasil.
CGN: R$ 3 bilhões em energia renovável
A CGN, empresa estatal chinesa de energia, anunciou um investimento de R$ 3 bilhões na criação de um hub de energia renovável no estado do Piauí. O projeto incluirá a instalação de parques eólicos, solares e de armazenamento de energia, com capacidade instalada de 1,4 gigawatts. O hub gerará mais de 5 mil empregos durante a construção e terá um impacto considerável na geração de energia limpa para o Brasil.
O investimento era esperado desde o final de abril. Na ocasião, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se reuniu com representantes da China General Nuclear Power Group (CGN Power), também a terceira maior companhia de energia nuclear do mundo. O projeto foi incluído no Novo PAC do governo federal.
A expansão do conglomerado chinês no país teve início em 2019 com a criação da CGN Brasil Energia. A companhia é dedicada ao desenvolvimento de projetos de geração e comercialização de energia limpa e renovável. Atualmente, a CGN opera sete complexos eólicos e três complexos solares. Eles estão distribuídos pelos estados da Bahia, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Também estão em desenvolvimento projetos de energia solar em Minas Gerais e iniciativas voltadas à produção de hidrogênio verde na Bahia.
Baiyin: R$ 2,4 bilhões em mineração
A Baiyin Nonferrous Group, um dos maiores grupos mineradores da China, investiu R$ 2,4 bilhões na aquisição da mina de cobre Serrote, em Alagoas, a Mineração Vale Verde. O investimento é parte de uma estratégia mais ampla de expansão que a Baiyin vem buscando no Brasil desde o ano passado. O país é considerado um mercado promissor para a extração de metais e minerais.
A compra foi finalizada no início de abril pela Appian Capital. Os fundos da Appian são especializados em mineração e metais e haviam comprado o ativo de cobre e ouro em 2018. Em 2024, a Mineração Vale Verde produziu 18,3 mil toneladas de cobre e 8,2 onças equivalentes de ouro. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) chegou a US$ 83,9 milhões, com receita anual de US$ 184,4 milhões.
DiDi: R$ 1 bilhão em infraestrutura de recarga para veículos elétricos
A Didi, controladora do aplicativo de transporte 99, também está investindo R$ 1 bilhão em infraestrutura para a eletrificação de veículos no Brasil. A empresa planeja criar 10 mil pontos de recarga para carros elétricos e híbridos, além de expandir sua frota de veículos sustentáveis.
Em julho de 2024, a empresa anunciou a criação do serviço 99e-Pro, que permite que os passageiros que usam a 99 possam escolher se querem viajar num carro híbrido ou elétrico. No Brasil, a companhia de mobilidade começou a ter sua base de carros eletrificados a partir de 2022. Dois anos depois, eram quase 6 mil veículos registrados na plataforma que voltará a atuar no Brasil, nesse ano, também no mercado de delivery de comida, com a 99Food.
Longsys: R$ 650 milhões em semicondutores
A Longsys, empresa chinesa especializada em semicondutores, anunciou um investimento de R$ 650 milhões em fábricas no Brasil. Esse montante será utilizado para expandir a capacidade de produção de chips e memória, atendendo a demanda crescente no mercado de eletrônicos e tecnologia.
O objetivo é a ampliar a presença no mercado brasileiro. Com o crescimento da Internet das Coisas (IoT) e a expansão de dispositivos inteligentes, a Longsys busca aumentar sua presença no Brasil, fornecendo soluções de memória para empresas de tecnologia e automação. Oficialmente, a empresa opera no Brasil desde 2023, quando adquiriu 81% da Smart Brasil, subsidiária da Smart Global Holdings.
Nortec Química: R$ 350 milhões no setor farmacêutico
A Nortec Química firmou uma parceria com empresas chinesas para a construção de uma plataforma industrial de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) no Brasil. O investimento de R$ 350 milhões ajudará a aumentar a produção local de IFAs, essenciais para a fabricação de medicamentos.
O acordo da empresa brasileira envolve as farmacêuticas chinesas, Acebright, Aurisco e Goto Biopharm na construção de uma plataforma industrial de IFAs no Brasil. O projeto é aumentar a capacidade de produção de IFAs sintéticos para até 500 toneladas por ano. O IFA é o principal ingrediente de um medicamento, mas, segundo dados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), somente cerca de 100 IFAs são fabricados no Brasil de um tetal de 2 mil medicamentos com registro em território nacional.
A Nortec Química está há 40 anos no mercado brasileiro. Fundada em dezembro de 1985, na Baixada Fluminense, a empresa registrou uma receita líquida de R$ 245,8 milhões ao final de 2024.
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