Graciliano Rocha

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Reportagem

Como os irmãos Batista vão levantar R$ 13 bi para fechar guerra da Eldorado

A ofensiva final dos irmãos Joesley e Wesley Batista, da J&F, para assumir 100% da Eldorado Celulose será financiada com uma emissão bilionária de dívida.

No total, a Eldorado vai levantar até R$ 13 bilhões por meio da emissão de 13 milhões de notas comerciais escriturais, em duas séries, com vencimentos de curto prazo.

Os recursos vão servir para usos corporativos gerais, o que, na prática, inclui o pagamento da aquisição da participação remanescente na empresa, até então disputada com a Paper Excellence.

A J&F Investimentos, holding dos irmãos Batista, é a controladora da JBS, maior produtora de carnes do mundo. A família travava há anos uma disputa pelo controle da Eldorado com a Paper Excellence, do grupo de origem indonésio Asia Pulp & Paper (APP).

A solução veio por meio de um acordo que prevê a compra integral da participação da Paper Excellence, encerrando um embate que mobilizou cortes arbitrais no Brasil e no exterior.

A operação de emissão de dívida foi aprovada em 6 de junho pelo conselho da Eldorado e envolve uma engenharia financeira complexa. Os dados foram informados à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) após o fechamento do mercado hoje:

  • A primeira série, no valor de até R$ 3 bilhões, vence em 14 de julho de 2025, em 32 dias.
  • A segunda série, de até R$ 10 bilhões, vence em 15 de maio de 2026.
  • Ambas pagarão remuneração indexada ao CDI: 100% da taxa, mais spread de 2,5% na primeira série e 3,4% na segunda.
  • O Banco Bradesco atua como escriturador e liquidante da emissão.

Como garantia aos investidores, os Batista ofereceram um pacote de peso:

  • Aval integral da J&F, holding que controla a Eldorado;
  • Alienação fiduciária de 100% das ações da empresa de celulose;
  • Cessão de créditos, inclusive os ligados a derivativos e dívidas anteriores com o Bradesco.
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A estrutura permite que parte da integralização das notas ocorra não apenas com dinheiro novo, mas também por meio da cessão de créditos já existentes. Embora não haja cláusula de repactuação automática, a Eldorado poderá promover resgates antecipados facultativos em ambas as séries, caso julgue oportuno.

Com essa emissão, os Batista selam o último movimento da longa disputa pela Eldorado. A dívida dá fôlego financeiro para consolidar a compra da participação da Paper, ao mesmo tempo, coloca à prova a confiança do mercado na capacidade da J&F de gerar caixa com a operação da produtora de celulose de Três Lagoas (MS).

Reportagem

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